quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O retorno de Jedi

Após um longo período de ostracismo apresento minhas desculpas aos meus cinco leitores (estatística pessoal...) por esta longa ausência, desejando que em 2012 a todos tenham seus melhores desejos realizados. Justifico-a através da mudança de endereço que passei recentemente, a realização de uma aspiração pessoal de longa data, oxigenação necessária para qualquer ser vivo como eu. Mudanças, viagens, novas paixões, significa beber a vida aos goles e não à conta-gotas como estamos habituados a fazer, e nos dá alento para seguir na batalha cotidiana por nosso ideais. Pois, como diz a canção, "Em tempos assim, Você aprende a viver de novo."

Vale a nota sobre a leitura de A Privataria Tucana que também auxiliou nesta oxigenada, pois o livro é esclarecedor sobre o modo operante da burguesia lacaia através da narrativa empolgante do autor, repórter investigativo que consegue relatar os fatos envolvendo o interlocutor em suas descobertas jornalísticas com um enredo que diz respeito a nossa própria história. Leitura agradável, provocadora e honesta. Pretendo dar sequência à safra leituras com o curioso "Guia politicamente incorreto da história do do Brasil", livro que comprei em uma promoção de fim de ano e ainda encontra-se encaixotado em algum canto da casa...

Espero que neste ano possa elevar o debate em torno de educação física no Distrito Federal, e que este seja um canal para diálogos e construções. Estarei compartilhando minhas aventuras e a apreensão da realidade através de minhas possibilidades neste espaço. Para dar boas vindas aos trabalhos prementes, compartilho algo que há bastante me provoca e norteia enquanto professor que busca humanizar seu trabalho. E ainda continuarei.

Stanlei* 8ª A negro 
Trabalho realizado com turmas de oitava série, resenha do filme Quanto vale ou é por quilo? Brasil, 2005, drama, direção de Sérgio Bianchi

A escola será mesmo um lugar de oportunidades para todos? 

Para alguns não foi. Pois eram tratados com indiferença, como se não existissem. 

Ainda me lembro de minha segunda série, na aula de português, todos se sentavam em dupla, e eu no entanto estava sozinho, eu não entendia, mas acho que era pelas minhas condições, um chinelo remendado, as perna ressecadas, a camisa rasgada, enquanto os outros: sapatos novos, uniformizados, com perfumes cheirosos, e eu chorei, quando ouvi um murmuro na mesa de trás (olha o neguim ta chorando), aquilo me cortou por dentro. Mas com o tempo eu aprendi que não vale a pena me entristecer por causa disso, e comecei a superar.

Quando na quinta série o ato de desigualdade, pois “aonde tem o mais alto tem o mais baixo que o ajudou a crescer”, e eu cheguei na sala triste pois meus pais haviam discutido na noite passada e eu sentei e fiquei calado, quando levantei percebi que colaram um chiclete na minha cadeira. Todos riram de mim, e me humilharam por semanas, foi aí que eu percebi que na escola é como na escravidão, sua liberdade depende de roupas, sapatos, amigos, sua popularidade, mas quando você é o escravo sofre bem mais com o açoite de palavras, olhares de discriminação que não tiram sangue como chicotadas mas retiram “lágrimas sangrentas que correm da alma”. 

Quem dera fosse diferente. Hoje tenho orgulho pois meus descendentes aboliram a escravidão, mas estou triste pois ela parece ter voltado! 
* nome fictício.


A inspiração para o nome saiu da música "Morte e vida Stanley" de Lirinha e Cordel do Fogo Encantado, que pode ser conferido no link abaixo.



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