O melhor deste Jogos Olímpicos é ver os jornalistas da Globo desconcertados e com cara de banana ao anunciar timidamente os resultados da delegação brasileira. Apesar de a Rede Record, emissora detentora dos direitos de transmissão dos Jogos para o Brasil ter lucrado horrores ao negociar a retransmissão pelo canal Sportv, canal esportivo pago pertencente às Organizações Globo, conjeturo em meus pensamentos como o povão recebe um produto de consumo (o esporte televisivo) sem a chancela da marca Globo; sem seu editorial jornalístico cretino e abobado; sem sua condução jornalística direcionada para a alienação; e, principalmente, livre dos comentários anti-pedagógicos e imbecis do Galvão Bueno.
Não estou afirmando que a emissora Record é o antídoto disso tudo, é idônea, honesta, pedagógica, perfeita, etc, tendo em vista que reconheço que a linha de condução jornalística brasileira foi fundada pela Globo e no geral, com algumas ressalvas, segue o mesmo padrão. Apenas brinco imaginando meus avós, caso estivessem vivos, em uma roda de conversa diante da televisão:
- Mas e o Galvão Bueno, hein?
- Parece que está de férias. A Fátima Bernardes que era boa...
-Mas essa daí, a... como é o nome dela?.... Ana Paula Padrão!... Não é a mesma coisa?
-Ah, não é não...! Esse nem é o marido dela...! Melhor quando apresentava o "Globo Repórter".
-Gol do Brasil! Gol do Neymar!
-Mas ele narra igualzinho o Galvão, não?
-Onde é que ele está mesmo? De férias?...
E por aí vai...
Toda uma geração que construiu sua rotina de vida, seu modus vivendis atrelado à rotina da TV Globo - tomar café com o Bom Dia Brasil, almoçar com o Globo Esporte, jantar com o DFTV, sentar com a família e a novela das oito, fazer amor e dormir com o Jornal da Globo - caso esteja interessada nas Olimpíadas, deve estar achando muito esquisito. Isso foi definitivamente afrontado na cultura e na rotina brasileira. Sinal dos tempos. Minha esperança é que em pouco tempo teremos diminuída a quantidade de jovens educados pelo Galvão Bueno. Imagino que a conseqüência disso nas escolas serão jovens praticando a educação física escolar de forma mais liberta, mais diversificada (principalmente em relação ao futebol) e mais honestos, pois o Galvão os ensinou durante gerações a serem ufanistas, malandros, revanchistas, perversos com seus adversários e a odiar argentinos. Por que? Ainda não descobri.
Outra conseqüência possível serão futuros velhos com outros modus vivendis desvinculados ao sugerido pela TV Globo. Ou qualquer TV. Eu, mesmo com visão que tenho sobre Olimpíadas e seus "senhores dos anéis" (confira o link), ainda me dou o direito de consumir e até emocionar com o esforço dos meus compatriotas proletários do esporte que suam sangue para carregar essa bandeira tão maculada por outros compatriotas menos dignos. Nem é preciso citar nomes, certamente meia dúzia já vieram à cabeça do leitor... Provoco: não vale pensar em político!
Sobre o Engenhão
Sou favorável a que seu nome mude para Estádio do Trabalhador, ou Estádio do Povo, pois todos sabemos, ou ainda procuramos saber, do arroubo de verba pública e superfaturamento ocorrido para sua construção, com seu posterior arrendamento, ou seja, geração de renda para a iniciativa privada. Em nosso país estamos acostumados a nos calar diante do batismo de obras públicas com nomes de personagens nefastos de nossa história, sem que o interesse a história popular sejam ressaltadas. Alguém com o mínimo esclarecimento tinha convicção da idoneidade do sr. João Havelange, 24 anos à frente da FIFA e sogro e padrinho político de Ricardo Teixeira? Será que temos o direito de reclamar apenas agora que ficou comprovado que ele é ladrão? Está na hora de homenagearmos nossa própria história. Dizem que, de fato, o estádio e outras obras do Pan 2007 (assim como das Olimpíadas 2016) foram (ou serão) construídos com o dinheiro do FGTS, ou seja, do trabalhador. Que se apure a verdade.
Reconheço o personagem João Saldanha como relevante na história do futebol brasileiro, mas me posiciono desfavorável a esta homenagem para o nome deste estádio. Este é um monumento público, porém a utilização deste nome parece-me fomentada por grupos que desejam homenagear não um nome do esporte nacional, mas sim um nome que diz respeito à história de seu arrendatário, o Botafogo. Mais uma vez a população e o trabalhador brasileiro sendo desprestigiados.
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