sábado, 1 de setembro de 2012

Almécegas após um ano

Esta postagem traz à memória um ano da inauguração deste blog. Ela ainda permanece lá soberana, incólume, inspiradora. Mesmo sem que presencialmente tenha estado por lá, em pensamento fora frequentada por mim algumas vezes. No decorrer desta volta completa do sol em torno da Terra,   encontro-o no céu mais uma vez no mesmo ponto de onde deixei-o quando submeti aquela postagem, que tanto dizia sobre mim naquele momento, um ancoradouro naquele oceano de devaneios. Aquilo que precisava ser dito naquele momento. E durante todo este período outras coisas foram ditas que expressavam um oceano de devaneios e sentimentos. Me admiro, neste momento em que faço uma ligeira reflexão histórica, do quanto se pode viver em um ano... Reler sentimentos que foram registrados pelas palavras talvez seja ainda mais precioso do que apenas ver registros em fotografias ou vídeos, pois o autor revive a expressão íntima daquilo que foi vivido, apreendido e sintetizado através de  seus argumentos e registros. O mais profundo sentimento. Como diz meu filho João: uau.....!!! 

Que viagem. Ao reviver os sentimentos e situações que me impulsionaram a escrever no blog, hoje acredito que a proposta inicial deste instrumento de comunicação condiz com aquilo que fora planejado inicialmente. Não com a freqüência que gostaria, nem o volume de publicações que julgo ideal, mas, como em tudo na vida, a gente vai se acertando e adaptando. Lancei-me como um aventureiro no mundo das publicações virtuais procurando um espaço onde pudesse me expressar e compartilhar meus pensamentos, alguns deles bobagens cotidianas, outros mais refinados, que acabaram tornando-se crônicas. O mundo sob o ponto de vista da janela de m'inhalma e de meus sentidos. Aprendi neste ano o quanto é rico o universo blogueiro, quanta formação e informação há disponível neste universo e, mesmo insignificante neste mundo, hoje sinto-me como um pequeno fio nesta imensa teia de cultura onde há muito a ser dito e compartilhado por pessoas que têm algo concreto, útil e salutar a dizer. Os quase 2.200 acessos registrados por este blog até a data de hoje quer dizer que algumas pessoas diariamente querem compartilhar algo de minha autoria. Isso me alegra e incentiva. Tenho muito a agradecer a todos os leitores e leitoras por isso.

Escrever no blog obrigou inserir-me no mundo virtual com mais afinco, uma mudança de paradigma tendo em vista que nunca fui afeto às ferramentas do mundo da internet exceto e-mail e busca de informações pontuais. Fora preciso me informar e compartilhar informações, ou seja, o engrandecimento pessoal é decorrência inequívoca dessa jornada. Em contrapartida, minha inserção no mundo blogueiro afastou-me de redes sociais como Facebook (ler o cabeçalho do Blog). Acredito que certamente há muita coisa positiva e compartilhamento construtivo nessa rede além do marketing empresarial, amizades postiças, perda de tempo em horário de trabalho e filosofia da futilidade. Contudo, percebo que as empresas de comunicação e mídia se apropriaram deste instrumento como ferramenta de geração de receita, ludibriando as pessoas usuárias que estão conectadas somente para fazer amizade e trocar informações. Elas estão de fato movimentando o processo de consolidação da falácia basilar do sistema capitalista: torne-se humano consumindo. Os bárbaros do novo mundo são aqueles que não possuem o Facebook. Talvez ele seja a cereja do bolo do processo de globalização. Quer dizer, os alienados que repartam a cereja, pois o bolo não é deles.

De fato, jamais terei o direito de desrespeitar ou ajuizar qualquer usuário desta ferramenta virtual. Apenas não posso coadunar com qualquer matéria que ludibria, aliena, expropria o sujeito na forma em que suas relações são mediadas por um instrumento de consumo, o qual se resume na efemeridade das relações e dos juízos: curtir. Em síntese: consumir. Instrumentos que educam para o consumismo podem distanciar as pessoas das outras, contraditoriamente ao anunciado no rótulo do produto Facebook, na medida que se distancia de si mesma, de seu trabalho, de sua vida para estar conectada ao produto que vai consumir. Ela  desumaniza-se porque o produto de sua intervenção no Facebook, seja curtir, adicionar, agrupar-se ou postar dilui-se, não pertence a ela nem a nenhum outro usuário, mas ao Facebook. O princípio radical da alienação marxiana.

Enfim, esta é apenas a minha impressão, que não visa, repito, denegrir, subjugar, pormenorizar qualquer dos 800 e tantos milhões de usuários. Apenas não tenho paciência para tantas bobagens que não acrescentam nada ao meu ser e tampouco quero fazer publicidade de nada. Apenas isso. Mas, como sempre, o errado deve ser eu.

Enfim, me sinto pleno com a possibilidade de expor meus sentimentos e impressões no decorrer deste ano. De volta ao refúgio da sala de aula, desempenhando o nobre exercício do magistério na educação especial, e sempre com os calos apertando em relação à vida militante, ou seja, sem minuciar equívocos e desacertos daqueles que elegemos, onde ocasionalmente estivemos juntos ou distantes, mas procurando preservar o preceito básico do respeito. Pacificado, mas não inerte, o acúmulo conquistado durante esta curta jornada que se iniciou há um ano ensinou que o tempo é o senhor do destino, e a história, seu relator. Válido para o trabalho, a política, o cotidiano, o amor, a vida. 

Resta agradecer aqueles tantos que fortaleceram direta ou indiretamente ao compartilharem suas reflexões na rede mundial, alimentando este blog e este autor. Obrigado ao leitor e à leitora que me incentivam a escrever, compartilhar mídias e, principalmente, refletir.  

Algumas referências que enriqueceram a construção deste post:

Chauí, Marilena. Discurso por ocasião do lançamento da Campanha Nacional pela Democratização da Comunicação.  disponível em http://www.conversaafiada.com.br/pig/2012/08/31/chaui-pig-produz-culpas-e-condena-sumariamente/ Acesso em 31/08/2012

Saviani, Demerval e Duarte, Newton (orgs.) Pedagogia histórico crítica e luta de classes na educação escolar - Campinas, SP: Autores Associados, 2012.

A maldição da obsolescência! Disponível em http://sweetrockandnroll.blogspot.com.br/2012/08/o-consumismo-e-uma-compulsao-que-leva-o.html. Acesso em 23/08/2012

Consumismo: o maior sabotador da nossa felicidade. disponível em http://sweetrockandnroll.blogspot.com.br/2012/08/o-consumismo-e-uma-compulsao-que-leva-o.html. Acesso em 23/08/2012

Facebook - A ferramenta Illuminati. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=XLIbEsWqbZ4&feature=g-hist. Acesso em 31/08/2012

Meios de comunicação social. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%ADdia. Acesso em 31/08/2012.

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